Verdade Ainda que o gasto calórico seja pouco significativo, pois se trata de uma atividade localizada, um corpo com maior percentual de massa muscular queima mais do que um com maior percentual de gordura. Cada quilo de músculo consome 35 calorias por dia em repouso, enquanto 1 quilo de gordura consome apenas 6 nas mesmas condições. Por muito tempo, acreditou-se que o único e verdadeiro aliado do emagrecimento era o exercício aeróbico. Entretanto, a musculação também consome gordura como fonte de energia, durante e após a execução do treino, para a recuperação do músculo. O ideal para quem quer emagrecer é aliar o treino de musculação com o aeróbico — e, é claro, a boa e velha dieta hipocalórica. 2. Não adianta começar a fazer musculação só depois dos 40
Mito Na verdade, trabalhar os músculos é importantíssimo a partir dessa idade — e mesmo quem nunca praticou pode começar —, pois é quando o corpo perde massa muscular e óssea. A musculação, embora não consiga reverter esse quadro, pode retardá-lo. Um treino bem elaborado para uma pessoa nessa faixa etária, principalmente se focado em exercícios de força e resistência, pode atribuir muito em saúde e qualidade de vida, contribuindo para uma velhice sem dificuldades e com muito mais liberdade e autonomia para exercer as atividades do cotidiano.
3. Dá para ter um corpo durinho aos 30 sem virar marombeira
Verdade A musculação traz benefícios a qualquer idade. E mesmo quem nunca fez atividade física ou deixou de fazer há muito tempo irá gozar de todos eles. Desde que siga um treino regular de, no mínimo, três vezes por semana, entre 30 e 40 minutos por dia, e uma alimentação balanceada, dá para manter o corpo em forma sem virar marombeira, sim.
4. Tomar proteína depois de malhar ajuda a ganhar massa muscular
Depende O consumo de carboidratos e proteínas é fundamental para a recuperação de energia após o treino, no período de recuperação dos músculos. A ingestão ideal de cada um desses componentes segue uma regra de 4 para 1. Para uma pessoa de 70 quilos, por exemplo, são 70 gramas de carboidrato para 15 gramas de proteína. Isso pode ser facilmente adquirido só na dieta, mas é mais difícil acertar a dose exata de cada substância e, principalmente, não ingerir nenhuma porção de gordura com elas. Por esse motivo, muitas pessoas recorrem aos suplementos, como aqueles vendidos em forma de shakes. Mas, em ambos os casos, o importante é consultar um nutricionista que conheça o seu treino e possa indicar a melhor opção.
5. O ideal é fazer aeróbico antes da musculação
Depende O que dita a ordem do exercício aeróbico é o objetivo. Se a meta for ganho de massa muscular, ele deve vir antes, pois o seu corpo vai consumir carboidrato durante sua execução e ainda reservar energia para o treino de musculação em seguida. Se o seu objetivo é emagrecer, o aeróbico (pode ser bicicleta, corrida, natação) deve vir depois da musculação. Como esse tipo de atividade consome mais calorias, para quem busca o emagrecimento ele tem como objetivo principal queimar gorduras localizadas.
6. Musculação em excesso (e de uma hora para outra) aumenta a aparição de estrias
Mito O principal causador das estrias é o crescimento acelerado da pele, como na adolescência, por exemplo, quando uma pessoa engorda ou emagrece muito rapidamente, espicha de uma vez e os seios ou bumbum crescem do dia para a noite. Ou até mesmo quando se engravida e a barriga aparece. Na musculação, não há mudança em curto prazo que justifique o surgimento de estrias, já que seus resultados requerem tempo para serem notados. A principal causa dessas marcas na pele entre pessoas que treinam musculação é o uso de anabolizantes, que aceleram a hipertrofia, mas são contraindicados.
7. O corpo “apaga” os efeitos da musculação um mês depois que se para de praticár
Depende O corpo, de fato, apaga os efeitos da musculação após o abandono da atividade. Mas quanto tempo ele leva para fazê-lo depende de quanto tempo se treinou e há quanto tempo deixou de praticar a atividade. Se você frequentou a academia por um mês, por exemplo, os benefícios não foram muitos. Em poucos dias sem a atividade, os resultados adquiridos até ali já terão ido embora. Para uma pessoa que treina há dois anos com regularidade, em uma semana sem a atividade terá perdido de dois a três meses de treino. A lógica é: quanto mais tempo se treina, em médio e longo prazos, mais tempo se leva para perder a memória, e, quanto menos tempo se treina, mais rápido se perde.
8. Quando a gente volta a malhar, consegue resultados mais rápidos do que quem nunca fez musculação
Verdade Mesmo depois de anos, esse tipo de memória muscular é significativa. E ainda há memória molecular (das células musculares), que reconhece o estímulo. Quando a pessoa volta a fazer uma atividade física com frequência, isso se reflete na facilidade em concluir o treino e na agilidade das respostas, ou seja, no aparecimento dos benefícios.
9. O aeróbico deve complementar a musculação
Mito Essa afirmação só vale se a intenção do aluno for emagrecer. Nesse caso, o aeróbico entra para acelerar a queima de calorias e o ideal é fazê-lo após a realização do treino.
10. É importante (obrigatório até) fazer alongamento depois do treino
Mito Por muito tempo acreditou-se que o alongamento, principalmente se feito após a musculação, seria fundamental para relaxar os músculos e prevenir algumas dores no dia seguinte ao treino. Esse é o maior dos mitos dentro da academia. Hoje, os personal trainers aconselham dissociar a musculação do alongamento, já que, após o treino, os músculos ficam “congestionados” e o alongamento estressaria demasiadamente as células musculares. O alongamento é um trabalho que visa a outras qualidades físicas, como a flexibilidade, e deve ser feito isoladamente.
11. Aquecer antes de treinar é indispensável
Verdade Antes do treino, é indicado uma atividade leve, como caminhada ou bicicleta. Assim os músculos ficam aquecidos e o risco de lesões é menor.
12. Professores de ioga são contra a musculação
Depende A ioga é mais do que uma atividade física: é um conceito que envolve exercícios de concentração e alongamento, muito diferentes da musculação. Na opinião dos professores de musculação, uma atividade não impede a realização da outra. Há, entretanto, que se tomar cuidados caso elas sejam realizadas em sequência, para não sobrecarregar as mesmas regiões na repetição de movimentos.
13. Treinos rápidos que intercalam exercícios aeróbicos com aparelhos de musculação não funcionam
Mito O grande propósito desses treinos rápidos é tirar as pessoas do sedentarismo. Levando em conta esse aspecto e também o fato de que qualquer atividade física é melhor do que atividade nenhuma, podem ser uma boa opção. Mas eles estão longe de ser o ideal. Um treino de musculação correto deve ser personalizado e levar em consideração os objetivos de cada aluno, assim como suas condições físicas e características genéticas. Algumas redes de academias oferecem um único treino de 20 a 30 minutos — que elas chamam de circuito — para todos os alunos, o que acaba não contemplando essas individualidades.
14. O corpo perde 1% de massa muscular a cada ano
Depende Os números variam de acordo com a genética. Alguns pesquisadores, porém, concordam na estatística de que após os 40 anos o corpo perde, em média, 1% de massa muscular ao ano. E a porcentagem aumenta com o passar das décadas. A musculação é o melhor dos meios para evitar essa perda. Para quem pratica a atividade regularmente e há muitos anos, é possível retardar essa perda em até dez anos. Para quem começa mais tarde, entre os 30 ou 40 anos, o processo é mais lento, mas ainda com grandes benefícios. A boa notícia é: nunca é tarde para começar. Algumas pesquisas mostram que idosos de até 70 anos conseguiram reverter esse processo após o início da prática da musculação.
15. Braço e perna devem ser trabalhados separadamente e em dias alternados
Depende Essa teoria é um tanto ultrapassada. O trabalho da musculação e de ganho de massa acontece da seguinte maneira: durante o treino, o excesso de estímulo causa uma espécie de falsa hipertrofia, em que os músculos parecem aumentados, mas estão apenas inchados. Isso acontece porque o organismo desvia grande parte do volume sanguíneo para o local exercitado. A hipertrofia requer tempo e energia para se consagrar. O que garante o seu sucesso é o descanso para a recuperação dos músculos e uma alimentação rica em carboidrato e proteína, que repõe a energia do corpo. A ideia de que é melhor separar os treinos dos diferentes grupos de músculos — maiores (peitoral, costas e pernas) e menores (braços, ombros, barriga e panturrilha) — tentava estipular um tempo certo para esses músculos se recuperarem. Estima-se que os grupos maiores levem até 48 horas, enquanto os menores se recuperam em até 24 horas. Hoje, sabe-se que é possível treinar todos os músculos em um mesmo dia, desde que o treino seja bem montado e não sobrecarregue nenhuma área específica. O fundamental é que, após o treino, os músculos recebam a suplementação de carboidrato e proteína necessária para a recuperação e tenham o período de descanso entre um treino e outro.
Fontes: doutor Turibio de Barros (fisiologista da Unifesp e do Esporte Clube Pinheiros), doutor Paulo Correia (fisiologista do esporte e atleta finalista das Olimpíadas de Moscou e Los Angeles) e Luiz Fernando Rocha (personal trainer).